sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Textos Mudados



O MARINHEIRO

Era um cão que tinha um marinheiro. O cão perguntou à esposa, o que se pode fazer de um marinheiro? Põe-se de guarda ao jardim, respondeu ela. — Não se deve deixar um marinheiro à solta no jardim, que fica perto do mar. Um marinheiro é uma criatura das águas; em vez de guardar o jardim, ele acabaria por fugir para o mar. — Deixá-lo fugir, disse a esposa do cão. Mas ele não estava de acordo. - Nesse caso, só nos resta ir para uma terra do interior, disse a cadela.
E então foram para o interior, levando pela trela o marinheiro açaimado. Durante o percurso, viram muitas paisagens. O marinheiro se espantava com as paisagens que podem existir longe do mar. Fez diversas observações a esse respeito, provocando o risonho latido dos cães que, pela sua parte, concordavam em que tinham um marinheiro muito inteligente. — Nem todos os cães têm a nossa sorte, disse o cão, pois conheço vários cães que são donos de vários marinheiros estúpidos. Iam por isso bastante contentes e diziam, a outros cães com quem se cruzavam, que possuíam um marinheiro invulgarmente esperto. — Ele tem uma filosofia das paisagens, dizia seu dono.
Quando chegaram ao mais interior possível, alugaram uma casa com um jardim e puseram o marinheiro a guardá-lo. — Guarda-o, disseram. Deixaram-lhe ao lado uma dúzia de latas de sardinhas e foram para dentro de casa. Durante sete dias e sete noites, o marinheiro refletiu sobre as paisagens do interior e comeu as sardinhas de conserva.
Porém, a esposa do cão não se adaptou ao clima, não suportou viver sem a brisa marinha. O marinheiro agonizava ante a perspectiva de abandonar a geografia dos solos, ainda que o cão tentasse convencê-lo de que o mar era igualmente artístico. Na véspera da partida, o marinheiro foi encontrado morto. Dizem que ele mesmo se enterrou no solo.
O casal de cães regressou ao porto, mas nunca mais teve um marinheiro.


Inaugurando a série "Textos Mudados", com "O Marinheiro", de Herberto Helder, mudado por André Setti

Um comentário:

Anônimo disse...

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