quinta-feira, 29 de maio de 2008

A Fotografia de Márcio Hoffmann.

Essas fotografias do fotografo andarilho Márcio Hoffmann tiradas em Lisboa, me fazem pensar na relação entre a cidade e o artista viajante que à retrata. Como também costumo retratar as cidades por onde passo, percebi como nossa relação com o lugar muda quando nos relacionamos com ele, através do olhar concentrado de quem busca registrá-lo artisticamente. Viajar, assim como apreciar a arte, nos ajuda a modificar o espírito. O importante agora é apreciar essas fotos do artista, que falam por si só, e que já não são mais o lugar nem o artista, e sim uma outra coisa que une os dois, e vai além.

Felipe Stefani.Fotos: Márcio Hoffmann

terça-feira, 20 de maio de 2008

Nona Edição da Revista Malagueta no ar.

Está no ar a nona edição da Revista Malagueta. Quero indicá-los essa revista pois é realmente muito boa. É muito bonita e bem feita. O conteúdo é escolhido muito mais pela qualidade dos escritores, do que pela importância que eles tem no meio literário. Não percam, essa revista merece atenção.

Esta edição conta com poemas de Felipe Stefani.

Esse é o link: http://www.revistamalagueta.com/

domingo, 18 de maio de 2008

O Sonho de Jacob.

Willian Blake; O Sonho de Jacob.
O Sonho de Jacob; Gravura do sec. XV


Essas são duas representações da passagem bíblica do sonho de Jacob. É um grande aprendizado ver como o simbolismo destas representações religiosas mudam com o tempo. Compreender os símbolos religiosos requer um estudo extremamente aprofundado e difícil. O que gosto nessa pintura do Willian Blake, que postei acima, é de como ele faz uso de um simbolismo próprio que ao mesmo tempo tem relação com o simbolismo tradicional. Sei que nas primeiras pinturas cristãs do Império Romano, os anjos eram simbolizados como homens e não tinham asas. A escada era uma escada reta que acendia ao céu. Na pintura de Blake, os anjos são mulheres que transparecem paz e estado de graça e a escada é circular, o que deve ter, imagino, alguma relação com a simbologia gnóstica. O sonho de Jacob foi uma revelação, mas o que foi realmente revelado só ele compreendeu, pois é incomunicável, e só através desses símbolos podemos representar o inaudito. Jacob sonhou a vida verdadeira, mesmo que a vida que vivemos seja um sonho. Há muito dessa verdade em nosso sonho.


Felipe Stefani.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

A Regra do Jogo de Jean Renoir.


A Regra do Jogo( La Règle du Jeu) de Jean Renoir, filme de 1939, é considerado um dos maiores filmes de todos os tempos e só isso já é uma razão para assistí-lo. Mesmo que depois você não concorde com isso. Sem dúvida, o desvelamento das relações sociais hipócritas que o diretor francês tenta denunciar, se dá justamente nas regras do jogo entre as cenas, os diálogos, e as tramas amorosas dos personagens, em uma trama complexa, barroca, envolvendo a Aristocracia e seus empregados. Por conta dessa crítica social, o polêmico filme foi banido algumas vezes, pelo governo francês e pelos nazistas. Sua versão definitiva veio em 1956, montada com restos de negativos encontrados pelo diretor, que diz que no todo, só uma cena foi perdida. Uma imperfeição do filme, talvez seja, uma direção de atores um pouco irregular. As cenas são fluidas e belas. Não deixe de assistir.

Felipe Stefani.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A UM VELHO CANTADOR LUSITANO

Seus lobos hipnóticos
São flechas cegas a decifrar minha senha.

Estamos sentados no êxtase,
Caro lusitano,
Suas imagens
Comovem-me loucamente,
Como um segrêdo
Que me roubastes
E eu mesmo
Não me revelaria.

Tu és o poeta,
Nobre lusitano,
Que inebria o reino
Com feroz doçura.

Tu és o poeta,
O caminho.

Bem sabes,
Velho lusitano,
Somos espanto
Ou palavra.


André Setti

domingo, 4 de maio de 2008

Composição.

A princípio não sabia por que estava colocando as pinturas do Georges de La Tour em composição com as gravuras japonesas, mas achei o contraste muito interessante. Talvez até ressalte o valor de um e de outro. Georges de La Tour é um pintor que, qualquer um que se diga amante da arte, tem que dar um mergulho profundo em sua obra. Este é um link que recomendo muito: http://www.abcgallery.com/L/latour/latour.html . É daqueles artistas em cuja a obra parece que toda história da arte está condensada. As tradições, a arte bizantina, o clássico, o modernismo, vejo tudo isso em suas telas, por isso me fascinam. Mas não só por isso, são de uma beleza extrema. Acho que, talvez, haja um olhar viciado depois da arte contemporânea. Nunca tive preconceito em relação a arte contemporânea, mas já tive com a arte mais antiga. Perdi esse preconceito quanto mais adentrei o passado. Acho que, só com esse mergulho profundo no passado, é que podemos nos livrar dos lugares comuns que andam permeando a arte hoje em dia, e aí sim, seguirmos em frente. A arte Barroca não é mais, para mim, “Arte Tradicional”, é uma arte que me emociona muito( no Barroco, prefiro a pintura à poesia). Tradicional é a arte medieval, ou a pré-helênica. Depois do Renascimento é que começa a era moderna, e o Barroco, é para mim, o auge dessa era, pelo menos na pintura. De La Tour, eu garanto, é um de seus maiores mestres. Acho que esse olhar viciado contemporâneo, a que me referi antes, é que impede alguns de ver a mesma beleza nessas obras, encontrando muito mais beleza em obras mais modernas. Para esses, é só treinar o olhar e a inteligência, porque a estética também está ligada a inteligência.

Felipe Stefani.