quinta-feira, 24 de abril de 2008

Pernambuco - Desenhos de Felipe Stefani.





Fui para o Recife, neste feriado de Tiradentes, visitar um amigo e a satisfação não poderia ser maior. Me sinto um privilegiado por ter revisitado essa terra com a qual me identifico tanto, pois já é a segunda vez que vou para lá. Acho que o que faz a paisagem é o povo e o povo pernambucano me encantou, sua simpatia, suas historias e piadas, seu calor e criatividade, enfim. Saudades... Esses são alguns dos desenhos que fiz por minhas andanças pelas terras pernambucanas, todos feitos em meu pequeno caderno de anotações.
Já que ainda não escrevi nenhum poema sobre essa viajem, vou deixá-los com esse poema do João Cabral, que tanto me lembra Pernambuco. João Cabral, com seu surrealismo metrificado e preciso, lapidado, seu cordel simbólico, sua escrita mineral:





O Canavial e o Mar



O que o mar sim ensina ao canavial:
o avançar em linha rasteira da onda;
o espraiar-se minucioso, de líquido,
alagando cova a cova onde se alonga.
O que o canavial sim ensina ao mar:
a elocução horizontal de seu verso;
a geórgica de cordel, ininterrupta,
narrada em voz e silêncio paralelos.
.
O que o mar não ensina ao canavial:
a veemência passional da preamar;
a mão-de-pilão das ondas na areia,
moída e miúda, pilada do que pilar.
O que o canavial não ensina ao mar:
o desmedido do derramar-se da cana;
o comedimento do latifúndio do mar,
que menos lastradamente se derrama.

João Cabral de Melo Neto



***
Felipe Stefani.

2 comentários:

Walmir disse...

Belos desenhos rapaz. Você tem a manha dos traços. E completou com o velho e rigoroso poeta.
Paz e bom humor, sempre.
Walmir
http://walmir.carvalho.zip.net

Anônimo disse...

Ola,
muito legal seu blog. Te convido a acessar e a comentar no meu tbm:
juma99.blog.terra.com.br
Abçs Henrique