terça-feira, 2 de dezembro de 2008

POEMA MÍSTICO.


Repentino,
Na clareira vulcânica da idade,
Concebi assim a leitura da memória;
De que tudo que desata, cresce e morre
Tem um gesto,
Um gesto de princípio.

Deveríamos chamar "ritmo"
Tudo que nos torna exaltados.

Somos tentados a ver dentro do sonho,
Assim nos recriamos do que nos causa escândalo,
Nomeamos a noite, a tarde e a manhã dos tempos,
Como fôssemos deuses.

Somos ritmo do sonho,
Lembrando, vagando,
No fim de cada era,
Causando escândalo.

Vede as estrelas,
Os frutos das figueiras,
O templo,
Furiosamente serão lembrados.
Viveremos disso,
Dando ao mundo
Um nome de batismo.

Chamaremos "inspiração"
Tudo que concentra,
Avança e se enraíza.

Impérios definham.
Somos tentados a dizer que foi um sonho,
Um sonho dentro do sonho,
Se concebêssemos tal geometria.

Pois também se lavram as terras antigas.
Vede, as águas calmas
São também colhidas.

O sonho não é sonho,
A memória não é memória.

Há sempre um Deus a redizer a história.




Poema e desenho de Felipe Stefani.

2 comentários:

Luis Gustavo Cardoso disse...

Caro Felipe, é uma grata surpresa linkar teu blog e deparar com um poema como esse, pra mim é sempre uma surpresa. Ando me livrando dos encostos acadêmicos, assim que possível lhe envio email mais completo, pra entrarmos em contato. Forte abraço, parabéns
Luis Gustavo

Marcelo Novaes disse...

Olá, Felipe!


Grande! Na clareira vulcânica das idades você concebeu bela leitura da memória.Escandalosamente bela, por vezes. Que belo ato-inaugural-em-discurso! O desenho que acompanha o rito sonoro é tão belo quanto. Rico conjunto.


Abração,






Marcelo.