MANHÃ NA PRAÇA
Vejo as crianças na praça,
invisíveis.
Constroem sem dedos
leves canais de força.
Dentro de Deus as crianças
lavram seus cometas
e correm.
Que som intacto
na bucólica discrepância dos dias?
Que extrema melodia
passa ao largo da vida?
Mulheres sonham o ar
cheio de grutas,
sobem nas crateras da manhã
varadas por espelhos.
Em volta delas
penso uma massa de demência,
hipnotizo a cegueira.
As árvores estáticas
humanizam o tempo,
esquecem de Deus
em seus cometas invisíveis.
Alguns jogam xadrez
nas crateras violentas do silêncio,
contra os espelhos da demência.
Esquecem a vida.
Que som intacto passa ao largo?
Que extrema melodia?
***
Felipe Stefani, Santos 2010.
domingo, 12 de dezembro de 2010
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3 comentários:
Felipe,
lentes do olhar
que permeiam nossa percepção:
e vejo, e sinto...
loucura?
delírios poéticos...
Adorei!beijos poéticos
Sim, a sua poesia tem uma extrema melodia. Perturbadora.
Abraços.
Crianças são como passarinhos, que tecem seus voos no azul, nas nuvens, entre árvores...
entrecortam
recortam e riem...
E assim brincam despreocupadas com o peso arquitetado dos homens sérios.
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