Repentino,
na clareira vulcânica da idade,
concebi assim a leitura da memória:
de que tudo que desata, cresce e morre
tem um gesto,
um gesto de princípio.
Deveríamos chamar ritmo
tudo que nos torna exaltados.
Somos tentados a ver dentro do sonho,
assim nos recriamos do que nos causa escândalo,
nomeamos a noite, a tarde e a manhã dos tempos
como fôssemos deuses.
Somos ritmo do sonho,
lembrando, vagando,
no fim de cada era,
causando escândalo.
Vede, as estrelas,
os frutos das figueiras,
o templo,
furiosamente serão lembrados.
Viveremos disso,
dando ao mundo
um nome de batismo.
Chamaremos inspiração
tudo que concentra,
avança e se enraíza.
Impérios definham.
Somos tentados a dizer que foi um sonho,
um sonho dentro do sonho,
se concebêssemos tal geometria.
Pois também se lavram as águas antigas.
Vede, as águas calmas
são também colhidas.
O sonho não é sonho,
a memória não é memória.
Há sempre um Deus a redizer a história.
***
Poema e foto de Felipe Stefani.
Um comentário:
Magnífico!!! =)
Gostei bastante, profundo, denso e bastante simbólico... diria o nosso grande poeta Fernando Pessoa: "tudo é oculto"...
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