terça-feira, 7 de julho de 2009

Fragmentos



como uma estrada irreversível navegamos nosso próprio nascimento pois só é grande aquele que renasce
(tento forjar um enigma)

No fundo azul de um céu (ou mar) deves buscar tua poesia e digo que devemos ser imensos pois o sol nos lembra que o infindo é incomum ao tempo
(isto é a metáfora do símbolo)

a possível explicação de nossa sede de glória;
a voz de Cristo nos solstícios

o álamo seco floresce
e é preciso atravessar a água
do álamo seco surge um broto de raiz
a viga-mestra cede a ponto de cair

o firme e central suave e alegre
vaga e uma jovem se casa
com o velho andarilho e segue como um hino
sua dança sem nunca cessar
o imóvel caminho

(esta era a resposta da água)

de fato

o tempo é só a mutação

então o mestre forjou estas palavras

dizem que durante sua vida sua voz atingiu cinco mil e quarenta e oito mundos e a doutrina do vazio e a doutrina do pleno e há o ensinamento para a plenitude imediata e para o esvaziamento gradual

mas de acordo com a canção iluminada não há seres e corpos não há voz os sábios numerosos como as areias da praia são somente como bolhas de água no mar os sábios e os mestres são como relâmpagos

voltai-vos para o leste e olhareis a terra do ocidente fitai o sul e a estrela do norte lá estará e sempre
T’ai-t’o nada diz e nele confiam nada realiza e o amam plenamente estão íntegros os poderes embora a virtude não tome forma

e a paz da voz que excede todo entendimento guardará os vossos corações e os vossos sentimentos

naquele que ao beber da mulher de Samaria deu-lhe a água viva da impossível memória

disso um sobressalto rasgou-me as vísceras e como um riu desorbitado escrevia essas palavras como teias e as marcas que entreabriam o grande arado que tingia o céu da escrita me fez contemporâneo das estrelas





Texto e desenho de Felipe Stefani
Mais desenhos do autor, aqui: www.pbase.com/sodesenho/felipe_stefani

2 comentários:

Priscila Manhães disse...

Oi, Felipe.

Acabei de ver seus poemas na Germina. Parabéns!

Um beijo

Naty Ansbach disse...

Olá!! Os poemas são meus sim. Que bom que passou por lá.=)
Bacana sobre o livro!!
Vou ler o seu blog com calma. rs
BEijos
Naty Ansbach