quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Meditação.


No filme “Metrópolis”(1927),de Fritz Lang, uma cena em especial me provocou meditação. Quando o protagonista vê a fabrica abrir sua boca e se transformar em um monstro, um Moloch, devorando os operários, a magia consiste em transformar em uma imagem expressionista, aquilo que se passa como processo psíquico na mente do personagem. A realidade já era por si só dura e dramática, mas algumas pessoas tem a capacidade de se sensibilizar mais que outras, de se horrorizar mais. No filme isso foi representado por uma visão, a imagem do Moloch. Outro dia estava dirigindo na Marginal, em São Paulo, num dia de chuva, caótico, com bastante transito, pensei nisso. Para alguns essa imagem, cheia de carros, fumaça, confusão, ansiedade, é bem mais tolerável. Para mim, talvez eu enxergasse algo mais ali, uma imagem mais opressora.
As maiores tragédias, sejam talvez quando a opressão é tanta, que somos privados até mesmo do direito de nos sensibilizar, onde o homem perde toda sua liberdade e referencias. Me refiro ao Holocausto e todas as barbaridades feitas por ditaduras, como a do Stalin e do Mao Tse Tung, por exemplo. Em uma época com tão poucas alternativas políticas como a que vivemos, essa meditação é necessária.




Felipe Stefani.

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Olhos fatigados,
impedidos.

Quando até o sentir morre.


Abraço forte, F.S.
Continuemos...