quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Malabarismos Juvenis.
Eu vi o escasso tempo de malabarismos juvenis
A estalar a seiva acidentada da tarde,
A aurora pura entrelaçada ao meu próprio sono
Nos instantes precários de um segredo vago.
Na oblíqua solidez dos corpos
Abre-se a rosa inicial sem nome, turva e casta,
Impura como a brisa imaculada dos sonhos, da voz,
Em uma espécie de chamado.
Eu vi o estrondo de uma gloriosa infância,
A alegria que em mim eram crianças cintilantes,
Na tarde volúvel, onde o mar, em silêncio maior,
Faz dos corpos uma presença errante.
Devo amar calado o triunfo crepuscular da juventude,
Seus beijos ao mar e sua oferenda de mistérios,
Na rosa oblíqua de um chamado puro,
Na vastidão precária dos instantes.
Eu vi tudo isso e amei, sendo eu mesmo uma oferenda eclusa
Aos mistérios juvenis, que desafiam os segredos do mar.
Poema e desenho de Felipe Stefani.
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Um comentário:
Felipe,
Antes de mais nada, teu desenho sujo é de uma limpidez fantástica! Muito bom esse modo de aproximação às métricas clássicas, com o toque de desacerto. Com o próprio tropeço. Teu ritmo é sempre bom ( por vezes, geométrico-milimétrico ), e o tratamento do tema da passagem do "tempo dos malabarismos" é muito boa. Onirismo. Limpidez na sujeira. Mitologia implicada numa imagética própria, difusa, diluída. Ou confluída. Idiossincrática. Isso é a digital de cada artista. E vc escreve muito próximo de como desenha... Ali..., seguindo o rastro sujo-límpido da imagem.
Beleza!
Abração,
Marcelo.
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